Levou uma coroa na cabeça e talvez achasse que isso lhe daria direito a vida de princesa. Não me parece... cá no nosso reino as princesas só o são na beleza, nos risos, no cumprimentar as pessoas e sorrir ao próximo.
Sim, abriu-se um precedente e, aos 3 anos, ela andou pela primeira vez no carrocel. Baixei-me ao nível dela, quase de joelhos fiquei, e olhos nos olhos disse-lhe calmamente e com todas as letras bem pronunciadas: "Alice, vais andar no carrocel mas apenas uma volta. Só uma vez!"
"Mas porquê, mãe?" soltou logo. Disse-lhe: "Porque para andar de carrocel é preciso dinheiro e a mãe não tem. Tenho uma moeda para ti e apenas para uma volta. No final não há gritos, nem choros, ok?"
Ela: "Oh... está bem!". Acho que fomos ambas a medo. Estava preparada para um espetáculo de gritos mas tinha em mente que seria apenas uma vez, um euro. Não lhe quero passar a mensagem de que as coisas são fáceis de ter, que custam pouco ou que basta pedir e tudo nos cai nas mãos. Também não digo não só porque me apetece. Digo-lhe quando sinto que é o melhor para nós e para ela enquanto família.
Foi na sua volta. Sorriu, gritou e esbracejou nas voltas que dava. Estava feliz da vida nos 30 segundos que deve ter levado e na experiência de partilhar com a sua amiga Nina. No final, fui ter com ela.
"Vamos, amor. Já terminou!"
"Mas, mãe, eu quero andar mais..."
"Não, Alice. A mãe disse só uma volta."
"Mas, mãe, aquelas meninas estão a andar há muito tempo."
"Pois, mas os pais daquelas meninas têm muito dinheiro e a mãe não. Vamos fazer outra coisa. Vamos correr atrás das pombas!" e peguei-lhe ao colo sem choros ou gritos.
Passado uns minutos já ela se tinha esquecido de como é bom andar às voltas num carrocel. O bom era andar a correr atrás das pombas de coroa de princesa.
Passados uns minutos: "Mãe, mãe, quero um balão!" "Alice, a mãe não tem dinheiro para balões!" "Mas mãe, olha, aquelas meninas têm balões!", "Sim, Alice, têm porque os pais daquelas meninas têm muito dinheiro para comprar balões! Olha, aquela pomba! Corre!" e ela correu...
2 comentários:
O não é tão precioso na educação... sei do que falo, ouvi muitos "nãos"... e peço para ter força para dizer outros tantos, sempre que for preciso!
Não é fácil...
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