Ao fim de quase 4 meses de escola, a cantina continua a ser um foco de ansiedade e nervosismo por parte da Alice.
Tivemos alturas mais calmas em que o assunto não vinha à conversa mas atravessamos um momento em que, desde que acorda, até a colocar à porta da escola, queixa-se de dores de barriga, diz-nos que não vai conseguir comer, que vai vomitar, que não gosta da cantina, que não quer comer lá.
Não é fácil ver os nossos filhos em situações que lhes causem sofrimento ou ansiedade. Eu sei que poderia resolver isso preparando-lhe a comida em casa para comer na escola. Então porque não o faço?
1. Quero que ela perceba que terá dificuldades ao longo da vida, situações difíceis para resolver, adaptações para processar e esta é uma delas;
2. Preparar as refeições em casa é continuar a fazer a comida a que está habituada, aos pratos que conhece, ao sabor que lhe é familiar. É importante que coma para além disso;
3. Não quero minimizar o que ela esteja a sentir ou passar e faço por a compreender. Contudo, farei o possível por ajudá-la a ultrapassar essa ansiedade à comida da cantina, mas fazendo-a lidar com isso. Levar comida de casa, eliminava o problema mas não o ultrapassava;
4. Desde cedo quero que se habitue a frequentar cantinas (comida boa e má há em todo o lado). Não a quero a comer em bares da escola ou em snack-bares. Gasta-se mais, come-se pior. Comer na cantina (para mim) faz parte do andar na escola. Se em alguma altura for possível almoçar em casa, vai a casa almoçar.
Se estou a agir bem, se estou a agir mal? O tempo dirá. Apenas sigo a minha intuição, o meu coração e o que foi decidido em família.
Falo com ela todos os dias, o assunto vem sempre ao cimo. Digo-lhe que pode comer apenas o que quiser para se ir habituando. Peço-lhe que coma apenas a sopa toda por ter legumes e ser o mais importante da refeição. O segundo prato fica ao critério dela e que a fruta (desde que não seja a laranja que não gosta) que coma. Não a quero, de momento, forçar a comer. Já falei com a educadora sobre esta questão pois só o fato da educadora lhes perguntar na sala se tinham comido tudo criava pânico nela. Ela não queria que a educadora soubesse que ela não tinha comido tudo.
Sei que já chorou na cantina (porque me contou), sei que fica nervosa, sei que é um momento de stress que a faz levar muito tempo a comer.
Gostava de ouvir outras partilhas, gostava de ter uma varinha mágica, gostava de avançar neste processo até ao ponto em que estar na cantina ou no recreio é igual.
Em casa atravessa uma fase de pouco apetite, de uma certa rejeição à comida. Pouca coisa lhe agrada.
Vamos fazer consulta dos 5 anos com a pediatra. Será uma questão a debater com ela...
Tão crescida e tão pequena ao mesmo tempo.