Quando a fui deitar, num misto de vontade e de irritação, vontade por a ir aconchegar, irritação porque sei que será longo, que ficarei chateada com os pedidos repetidos de xixi, água, e o mickey, o pateta, o pluto, a frozen e companhia que têm que ficar na cama, os repetidos "tenho calor" ou "tenho frio" e eu irrito-me porque me sinto incapaz... nem aproveito o quentinho daquele momento, os beijos que me dá, nem faço que a hora de deitar seja pacífica, sem queixumes meus ou dela. Meus porque quero ir fazer outras coisas, porque quero esticar as pernas no sofá antes de dormir ou simplesmente respirar um pouco sozinha sem os constantes mãe, mãe ou apenas ter uma conversa de adultos na sala sem a presença de crianças. Dela que me quer junto a ela, que me diz "mas tu és a minha mãe" quando lhe digo que não posso ficar mais tempo.
Ontem virou-se para mim e disse-me agarrando-me as duas mãos ao mesmo tempo: "Mãe, eu amo-te!"
Eu nunca lhe disse isso. Nunca lhe disse amo-te. Não que não a ame com todas as minhas forças mas nunca lhe disse dessa forma. Digo-lhe que a adoro muito, que gosto dela infinitamente, que é o meu amor, o meu tesouro, parte de mim mas amo-te, assim, simples, fresco, claro nunca o fiz...
Respondi-lhe: "Eu também amo-te muito, muito!" mas foi ela que na pressa do meu deitar me ofereceu o seu amor...
3 comentários:
Como é uma frase que digo com frequência às minha filhas, elas dizem-mo também nas ocasiões mais inesperadas.
Até me emociono.
O Antonio também já me surpreendeu assim.
E é o AMOR em todo o seu sentido, em todo o seu auge, genuíno e puro.
É sinal que estamos a fazer bem as coisas. Apesar de todas as nossas dúvidas, inseguranças, burras e pressas...
Um grande beijinho*
(escrever no tlm, por vezes, dá nestas coisas... O belo do corrector ortografico!! *burras = birras)
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