ALICE

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terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Mãe galinha

Eu queria ser uma mãe moderna, super ativa profissionalmente, cheia de eventos e projetos, bater a porta de manhã às 8h e não ter hora de chegar ao final do dia. Uma a duas vezes por ano sou assim. Organizo um evento, dou entrevistas para jornais e televisão, junto profissionais, marco almoços e jantares, recebo convidados de reconhecido valor e chego a casa depois da Alice já ter adormecido.
Na verdade, eu não gostava de ser assim tão moderna e tão ativa profissionalmente.
Ontem passei o dia cheia de saudades dos meus e de chegar a casa a meio da tarde. Ontem, por muito ocupada que estivesse e preocupada com mil pormenores, em pano de fundo estava sempre a Alice.
Não há volta a dar. Terminou a minha época áurea de dedicação total à profissão, do desejo imenso de evoluir na carreira, da sede de formação desmedida, de não olhar a horários.
Sou mãe. Não anulei tudo o resto que era antes de ser mãe mas... sou mãe. Continuo mulher, profissional, filha e companheira mas... sou mãe, uma mãe galinha. Não quero lutar contra isso. Não quero deixar de sentir que as minhas prioridades mudaram.
Sei que há mulheres que mantêm o ritmo, que equilibram todos os pratos da balança de forma magnífica, que continuam excelentes em tudo, acrescentando o papel de mães dedicadas. Mas eu estou longe desse feito. Eu retirei tempo à profissão pós-laboral, retirei oportunidades de formação fora da ilha ou continuação de acumulação de outras atividades porque mudei as minhas prioridades. Até um dia, sem data definida, sou mãe galinha. Continuo dedicada à profissão, trabalho com alma e coração mas... bate a hora, mais 15 minutos menos 15 minutos, bye, bye que quem realmente precisa de mim já me chama.
Se tenho vontade de subir mais um pouco, de mais responsabilidade profissional e um ordenado mais chorudo, sim... mas mais vontade tenho de voltar a ser mãe, de trocar mais fraldas, de amamentar, de perder noites, de ouvir mãeeee de outra boca linda, de achar que vou quebrar de tanto cansaço, de morrer de sono, de adormecer sentada no sofá, de ter vontade de subir a um monte e gritar, de quase sufocar de tanto amor e felicidade.
Ontem fui mãe moderna, profissional com jantar de trabalho e conversas intelectuais. Mas hoje já sou mãe galinha, profissional das 8h às 16h, jantar em casa e conversas sobre as promoções do Continente e ofertas de natal. Um programa de tv sem legendas e começar a adormecer no sofá da sala.
Não me julguem se não forem pais, falamos depois de passarem pelo mesmo que eu ;) Antes de ser mãe o meu maior desejo era fazer doutoramento, ter um cargo de alguma importância, continuar a dar formação e ter um nome reconhecido na minha profissão. Agora que sou mãe, adio o doutoramento, sou uma técnica como tantas outras e o meu nome é reconhecido por apenas alguns colegas de profissão.

 
Os meus momentos altos deixaram de ser conseguir mais um diploma. Agora vibro com as atividades que posso partilhar com quem me olha como se eu fosse única em todo o mundo.

7 comentários:

Maria disse...

Percebo-te bem...mas tão bem!!!!
Fui mãe tarde e no auge da minha carreira...tudo se relativizou depois...agora adoro que em algumas das áreas da minha vida ter perdido o nome e ser simplesmente Mãe!
Bjs
maria

Elix disse...

Épa concordo com todas as palavras, virgulas e pontos. Tal e qual!!! Para mim a prioridade é ser mãe, embora goste de trabalhar, nada como (mais 15 menos 15 minutos) chegar a casa e abraçar a minha princesa e receber um beijo que me baba toda.... :) beijinhos

Algodão Doce disse...

Nem sempre é fácil ser mãe e trabalhadora ao mesmo tempo. E quando o trabalho exige muito de nós ainda se torna mais difícil.
Neste momento sou mãe a tempo inteiro por opção ;).

Bj linda!

Rui Pereira disse...

A vida faz-se de opções e prioridades...

Bom texto!

CS disse...

Maria e Elix, somos do mesmo grupo. ;)
Algodão, deve ser muito bom ser mãe a tempo inteiro, pelo menos, nos primeiros anos deles.
Rui, é realmente uma opção e as prioridades que definimos. Estou feliz com as minhas prioridades. Acho que fiz e faço a melhor escolha.
Mais tarde, repensaremos.

Rui Pereira disse...

Se estás feliz está tudo dito.

Os pais não devem hipotecar a sua felicidade (individual e do casal) em nome da felicidade dos filhos, até porque mais do que pais, eles querem pais felizes!

CS disse...

Vou ficando feliz ;) ou vou estando :)