O pai cá de casa não aparece quando chamo por ele,
O pai cá de casa não acha que me deve ajudar a trocar fraldas e a dar comida à filha,
O pai cá de casa não se acha um complemento da mãe,
O pai cá de casa não sente que deve partilhar de alguns momentos da vida da filha,
O pai cá de casa não sente que precisa de abdicar de tempo só seu para ela,
porque o pai cá de casa...
é parte integrante, está sempre presente, troca fraldas e dá comida não porque lhe peço mas porque se sente pai, não se acha um complemento, acha-se parte fundamental, não quer partilhar alguns momentos, quer todos os momentos com a filha, não, nunca sentiu que abdicava de tempo para ela, sempre sentiu que o tempo dele era quase todo dela.
A barriga a crescer e ele a dizer: "Quando fores trabalhar fico com ela em casa!" Eu feliz da vida mas pensando: "Sim, sim... deixamos passar uns meses e talvez para a creche com 1 ano."
A barriga cresceu e depois diminuiu e cá fora a nossa linda e doce filha. Durante 4 meses nós os 3. Depois a ida para o trabalho e os 2 em casa sozinhos. Mandava mensagens a cada hora, ligava umas 3 ou 4 vezes ao dia. Nunca soltou um suspiro do outro lado, nunca disse que não ia conseguir, nunca exclamou "Chama a tua mãe!", nunca suplicou: "Põe atestado ou liga para um creche!".
Os meses deram lugar aos anos e já se passaram 2 anos e 6 meses.
Setembro à porta e um novo filho já à janela. Ela já crescida, um novo bebé a precisar de colo e a questão coloca-se novamente: "Vamos colocar a Alice em Setembro na escola?" A decisão era toda dele, não o poderia obrigar a ficar com os dois, mais que aceitável que ele dissesse: "Alice escola e eu fico com o que chegará!" ou mesmo "Já atingi o meu limite, os 2 para a creche!" Ia-me custar... muito... principalmente o mais pequeno que não teria os privilégios que a irmã tinha tido: um pai todinho para ele!
Mas a resposta foi aquela que desejava, a que esperava dele: "Fico com os dois."
Sim, o pai cá de casa, é pai de sangue, de coração, de corpo e de alma. Pai de nome, de suor e tempo. Pai grande, pai presente, pai que diz que é, sendo-o com tudo o que pode acarretar.
Sim, tem essa possibilidade que muitos não têm. Sim, decidiu gerir a sua vida profissional com uma filha ao colo quando trabalha no computador, com uma filha no carrinho quando o que resolve é fora de casa, com uma filha a dormir quando precisa de respirar fundo ou fazer coisas com mais concentração.
Sim, tem essa possibilidade mas quantos pais não as tem? Quantas mães não as tem e decidem conscientemente delegar essa função numa instituição.
Cada família é uma família. A nossa família não é perfeita, mas o meu coração diz que é a mais perfeita que conseguimos.
Maio de 2012
3 comentários:
Em grande! Parabéns ao pai e à família maravilhosa!
CS, vou ter que roubar esta imagem e postar JÁ no Kaipiroska ;)
Podes postar. Sei que também tens um Dad em casa.
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