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sábado, 3 de maio de 2014

A vida social de quem é pai

Tema muitas vezes polémico, sujeito a opiniões contrárias mas que vou apenas aligeirar e dar a minha muito pessoal opinião. Isto a propósito do comentário de uma seguidora sobre o post da Culpa:

 
 
Tudo depende da família, do seu funcionamento, da sua vivência, da sua forma de estar na vida. Contudo, uma coisa que não se poderá afirmar é que o nascimento de uma criança não muda a vida dos pais, nem tem que alterar as suas rotinas. Sendo o inverso, que o bebé é que tem de ajustar as suas rotinas à rotina dos pais.
Pois bem, de um lado temos um bebé com necessidades básicas bem conhecidas e bem difundidas no senso comum e em livros da especialidade (não, não sou de opinião que o instinto é suficiente para tudo), por outro lado temos 2 adultos com necessidades bastante moldáveis e com um discernimento e inteligência dentro da normalidade. Quem é que se adapta a quem? É um processo de simbiose é certo mas vou habituar um bebé a dormir em todos os lugares, a dormir em qualquer hora, a ter os meus horários porque não quero abdicar de tudo aquilo que adquiri até à data, certo?
Sim, mete-me confusão bebés em ambientes noturnos, mete-me impressão bebés em festas pela noite dentro, mete-me confusão mães que dizem que a vida delas tem de continuar e que não mudaram só porque foram mães.
Sim, a vida continua, mulher continua mulher, homem continua homem, mas um bebé não tem a vida de um adulto, não tem as necessidades de um adulto, não come nas mesmas horas, não dorme nas mesmas horas.
Sim, a vida continua, por isso, existem avós (bom quem os tem por perto) para facilitarem a vida aos pais. Nunca recorri aos meus. Reconheço que ambos somos mais agarrados a ela que a maioria dos pais é. Até hoje não nos conseguimos separar por uma noite ou tarde por puro lazer e momento a dois. Fazemo-lo aproveitando sestas e idas cedo para a cama. Fazemo-lo, na maioria das vezes, a 3, partilhando a família que decidimos construir.
Há desvios nos horários, desvios nas rotinas, coisas ligeiras, esporádicas porque acreditamos que a vinda de um filho iria e deveria alterar a nossa vida, tanto familiar como social. Estamos felizes com isso.
Até ser mais crescida, vamos sempre ajustar os nossos horários aos dela, porque não foi ela que pediu para nascer, nem é ela que é a adulta. Foi totalmente desejada, e mudar a nossa vida por ela e com ela é um processo natural e necessário...
Tantas e tantas vezes assistimos a gritos, choros e birras porque as horas de dormir passaram há muito, porque o ambiente não é minimamente apelativo a crianças ou porque o cansaço chega aos mais pequenos muito antes de chegar aos maiores.
São os pequenos que são reguilas, birrentos ou malcriados ou os pais que fazem birra e finca pé que eles têm que fazer o que os pais mandam e às horas que mandam?
Sim, todos dizem pais felizes, filhos felizes. Concordo plenamente. Mas, se a minha felicidade passar por arrastar o meu filho para todo o lado, para a vida que eu tinha antes, não acredito que só isso faça o meu filho feliz... não quando as necessidades dele não são suprimidas.
 
Em conclusão: Cada família é uma família, cada criança, uma criança. Há aspetos que são transversais a todos, há outros que são opção de cada indivíduo. Mas, quem disser que uma criança não muda a vida dos adultos, quem disser que não alterará nada da sua vida ou da sua rotina porque teve uma criança é porque a deu para adoção ou colocou na casa dos avós para fazerem eles de pais.
 
P.S. Não falo de fins-de-semana a sós para namoro. Não falo de jantares a dois. Não falo de alterações à rotina familiar. Falo de quem manteve a sua vida e fez que os filhos vivessem uma vida como a dos pais.


5 comentários:

Ela disse...

Concordo. As crianças têm de ter as suas rotinas e horários, especialmente quando são pequenas. A decisão de ter um filho começa por aí, por se saber que a vida irá mudar. Não deveremos abdicar de tudo e sim, existem avós ou padrinhos a quem delegar certos momentos, mas também acho que os pais têm criar e manter rotinas.

Lassalete Cunha disse...

Concordo com tudo o que acabei de ler.
Eu sou mãe à 14 anos e também nunca levei as minhas filhas para ambientes desajustados à sua idade. Nunca me separei delas (a mais velha há já algum tempo é que sai para festas pijama em casa de amigas) nunca as deixei com ninguém para me ir divertir ou ir de férias só com o meu marido!
Todos os pais são diferentes, bem como todas as crianças, mas a idade das crianças, a meu ver, deve ser SEMPRE tida em conta!
Beijinhos

cindy disse...

Ter filhos é uma grande mudança na vida do casal e se as pessoas acham que vão conseguir ter as mesmas rotinas de antes, estão redondamente enganadas. Nos primeiros anos são sem dúvida os bébés a mandar nas rotinas. Não quer dizer que os pais não saiam, não vão a um cinema ou jantar fora, se tiverem com quem os deixar podem e devem usufruir desses momentos as dois se bem o entenderem. Eu assim o fiz, não tenho problema em deixar a minha filha quer com os meus pais, quer com os meus sogros, porque sei que está bem com eles e também é importante para o desenvolvimento dela estar com outras pessoas que não os pais.Mas cá em casa há rotinas todos os dias e as excepções são raras, não queremos fazer delas regras.

xoxo
cindy

Anónimo disse...

Tenho sido uma seguidora atenta e fiel deste fantástico blogue que mais não faz que permitir ajudar a refletir sobre diversos temas interessantes. Embora não o faça com regularidade, perante este post não poderia deixar de expressar algumas considerações. Sim. Refiro-me a considerações porque as opiniões valem o que valem.
A educação na relação país-filhos não é fácil nem tão pouco estandardizada. O que para uns poderá ser a verdade “à lá palice”, para outros poderá ser apenas uma agulha no palheiro. Isto para dizer que o processo de educação não é fácil e depende de vários fatores. Como tenho consciência deste handicap, por mais que anseie e que deseje, não nos consideramos os melhores pais deste mundo nem tão pouco os mais agarrados ás nossas filhas porque isso seria presunção da minha parte adotar esta postura. Uma coisa garantimos, tentamos dedicar o maior tempo possível às nossas filhas de forma a que elas cresçam de forma mais saudável e feliz possível. Seria redundante e simplista afirmar que a educação que damos às nossas filhas é a melhor, até porque, esta visão apenas se centra naquilo que nós acreditamos ser o melhor para elas. E o que pensarão as minhas filhas? Será que aquilo que nós proporcionamos é aquilo que elas efetivamente necessitam? Ao privar de certos momentos pelas rotinas estabelecidas será que não estamos a permitir que a criança tenha outras experiências e consequente outras aprendizagens (por exemplo investir/aprofundar laços afetivos com outras pessoas)?

Em relação à questão das rotinas, mais do que uma opinião (já disse que as opiniões valem o que valem) uma constatação:
A rotina permite à criança sentir-se segura, orientada, confiante e determinada em qualquer cenário que lhe seja familiar porque ela própria já conhece as regras, sendo ótimo para o seu desenvolvimento e para a interiorização das regras sociais. No entanto, o excesso de rigidez das rotinas e dos horários poderá proporcionar à criança, involuntariamente, a construção de um mundo estático e previsível, muito diferente do verificado na vida real. A vida, como fenômeno em constante evolução, exige a capacidade de adaptação e imaginação para que possamos contornar os obstáculos, mesmo quando menos se espera. E isso torna-se fundamental para prevenir um pouco ao que chamamos de frustração.
Para além disso, O excesso de rotinas poderá moldar a criança a uma personalidade mais egocêntrica, com espírito de liderança e de poder (como ela conhece as rotinas, é ela quem detém o controle das situações)sobre as outras crianças, bem como sobre os próprios adultos.
Por isso defendo que “nem tanto à terra, nem tanto ao mar”. “Nem 8 nem 80”. Aos nossos olhos os nossos filhos são os melhores do mundo e a nossa forma de educar é a melhor, até ao dia de sermos confrontados – “o rei vai nú”. Cada criança é uma criança, cada pai é um pai e cada contexto é um contexto.
Muito obrigada pela partilha da reflexão.

CS disse...

Oh, obrigada eu. Para mim é muito importante olhar e refletir sobre as coisas. Acho que por vezes fico tão centrada naquilo que acredito ser o melhor e não olho ao redor.
Adorei ler o comentário, adorei porque alargar as questões, porque leva-nos a olhar mais além...
Gostei, gostei mesmo! Acho que é a mesma pessoa que fez o comentário anónimo do post mas se não for, foi mais um contributo.
E como sabe bem falar com outras mães :))