ALICE

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terça-feira, 7 de junho de 2016

Pré-primária e festas de finalistas

Vou falar de cor, de quem nunca passou, de quem algumas vezes já disse "comigo não" e depois foi "comigo sim", de quem já levou muitas chapadas da realidade desde que é mãe. Talvez esta seja apenas mais uma, mais uma chapada que levarei daqui a dois anos, quando a Alice estiver na escola e na sua festa de finalistas.
Hoje vou falar de cor, hoje vou falar do que sinto, do que entendo sem nunca ter vivenciado. Hoje vou dizer que acho demais tanto alarido à volta de um final de pré-primária. Hoje vou dizer que viagens de finalistas antes do final do secundário, vá, na loucura, 3º ciclo, é demais, demasiado cedo.
Talvez eu seja uma velha do Restelo, resistente às mudanças velozes que vivemos nos nossos dias. Talvez eu seja antiquada, mãe galinha, excessivamente protetora, mas não me vejo deixar a minha filha viajar ou passar a noite fora com colegas e professores. Não condeno quem o faz. Não o digo que sou eu que estou certa e os outros estão errados. Mas digo-o que a pressão de eventos sociais, de saídas, de presenças dos pais em dias comemorativos é demasiada. Incutem nas crianças festejos que deviam passar com naturalidade, com um bolo de iogurte no final do ano, com beijos e abraços, um até para o ano e "sê sempre feliz".
Agora há cartolas ao bom estilo americano, há diplomas e cerimónias de entregas de diplomas que não poderão constar no curriculum, há finalistas e festas de finalistas, há todo um aparato que leva pais e crianças a vestirem as suas melhores roupas, há crianças nervosas e ansiosas com tanto alarido.
Talvez, daqui a dois anos, seja eu, com a minha melhor roupa, de máquina fotográfica em punho, lágrimas nos olhos, a olhar para a Alice como se ela tivesse a despedir-se do seu percurso escolar e entrar numa nova fase da vida. Talvez, daqui a dois anos, seja eu, maluca de ansiedade pela grande e importante festa do fim da pré-primária.
Hoje, ainda corre livremente em casa, os dias são passados em família, não há diplomas, não há fichas, as contas só quando ela pede para brincar aos números, as letras são desenhadas em paredes de papel de ardósia, as pinturas tanto são no chão da sala como no balcão da cozinha e os horários só para comer e dormir, o resto somos nós que mandamos no relógio.
Aos pais que têm agora os filhos finalistas de pré-primária, parabéns, imagino que o orgulho seja grande porque tudo o que os nossos filhos fazem desde que nascem e abrem os olhos sobre nós, hipnotizam-nos num amor profundo e fazem-nos derreter a cada gesto, palavra ou conquista. Acho que isso corre até ao fim dos nossos dias e não termina numa festa de finalistas.
Continuo a pensar que é um exagero mas... estou convosco no orgulho exacerbado!

13 comentários:

Paula Ávila disse...

Cláudia tal como dizes, não sabes da realidade dos outros. Talvez um dia quando os teus filhos estiverem na Escola percebas tudo o que isso envolve. Ser ou não Finalista é apenas mais uma etapa. Na vida do meu Diogo, por ex., significa deixar um Colégio onde esteve desde o primeiro ano de vida e onde fez Amigos que ele adora. Foi uma semana de Finalistas super gira e que felizmente envolveu e muito os pais!
Tal como dizes também, tudo o que implica os nossos filhos é feito com muito amor.
Não penses que há crianças nervosas com isto. Muito pelo contrário, há crianças mt mt felizes por verem os pais nas suas actividades, no seu meio de brincadeiras e de tantas e tão boas aprendizagens. Há cartolas e há roupas, tal como em qualquer festa de pompa e circunstância, pq é disso q se trata - uma Festa!
Os teus correm livremente em casa.. o meu tb corre livre, quer no colégio, quer na nossa casa. E quando ao fim de semana tenho a casa cheia de Finalistas e vejo a amizade que os une e a felicidade com que brincam, tenho a certeza de que tudo está a correr bem!
Um dia também vais ver isso... até lá... não julgues, para não seres julgada ;)
Beijinhos!

Anónimo disse...

Gosto muito do seu blog, desta vertente "anti-creches/infantários/escolas" é que já nem tanto. :/

CS disse...

Paula, já conversamos e já expliquei que não é julgamento até referi que compreendo e daqui a 2 anos posso ser eu na primeira fila. Hoje acho exagerado tanto alarido à volta de uma final de pré: viagens, acantonamentos, missas, diplomas e tudo o resto. É uma opinião tão válida como outra que possa até achar pouco. Bj e parabéns pelo teu mais lindo ;)

CS disse...

Anónimo não acho que seja anti creche. As circunstancias da minha família levaram a que eu pudesse ter os meus filhos mais tempo em casa. Vejo muitos benefícios nisso. Se não pudesse tinham ido para a creche e tinham ganho outros benefícios que, na minha experiência de não terem ido acho que são menores do que estar em casa. Para a Alice chegou o momento de ir. Conversamos e pensamos que, neste momento, os benefícios de ir para a escola serão maiores do que ficar em casa mais um ano. O António continuará até acharmos que chegou a altura dele e nossa.
Quando a Alice entrar poderei partilhar da experiência de a ter na escola e sei que todo o novo mundo se abrirá para nós.
Obrigada por gostar de aqui vir :)

Liliana Pereira disse...

CS o meu Diogo está a frequentar este ano pela primeira vez a escola numa sala dos 3 anos. Até hoje ainda não o autorizei a ir a nenhum passeio\vista de estudo (?) fora do recinto escolar. A bem verdade nesses dias optei por deixa-lo na avó a brincar com o irmão. Ainda não me sinto capaz de o deixar ir... não o vejo entusiasmado para ir... para quê insistir? Cada um no seu tempo.

beijinho.

As minhas africanisses disse...

Pois vivendo eu aqui em Moçambique e podendo deixar o meu filho em casa, decidi e muito bem po-lo num colégio. Não um com portugueses, mas um apenas e só com moçambicanos. Só tenho aprendido com eles e sei que eles comigo.
Com 2 anos o meu filho já participou numa festa do dia da criança e num passeio a um parque. Coisa simples, como se pede nestas alturas. Bem sei que tem os seus filhos em casa, mas nada, nada mesmo paga ter filhos em colégios para verem a realidade desde cedo. Terem regras, sentar e brincar a horas. E sim, festas e comer do prato do vizinho...
e a 6 meses do fim do ano lectivo de cá, já andamos todos a mexer para que tudo seja perfeito.

Marta disse...

Olá! Acho que hoje em dia se dá muita importância a alguns momentos da vida e isso é sem dúvida fruto da importação de determinados costumes de outros países. Não vejo mal nisso mas acabo por achar exagerado haver comemorações por tudo e por nada. Em relação às viagens, concordo quando são visitas de estudo de um dia, mais do que isso acho um disparate em caso de crianças pequenas. E por pequenas digo com menos de 10 anos. E sim, sou mãe e sou tia. E achei completamente despropositado a minha sobrinha ter tido uma viagem a Madrid de 3 dias aos 5 anos de idade. Claro que os pais é que sabem mas a minha opinião no que diz respeito à minha filha é que há alturas para tudo na vida.

xoxo
Marta

CS disse...

Marta, Madrid, 5 anos e 3 dias não combinam para mim. Mas cada um sabe de si, certo. Contudo, no meu entender, não devia ser permitido pois quem não alinhar, fica de fora como sendo a ovelha negra quando não deveria ser aceitável estas atividades tão cedo.

Marta disse...

Pois, estou totalmente de acordo. Claro que se mencionar o assunto à minha cunhada, ouço um "só lhes faz bem, tornam-se independentes". Independentes aos 5 anos? Para tudo, há tempo e altura certa na vida.

xoxo
marta

Anónimo disse...

Mais uma vez um comentário que demonstra insegurança e medo face ao seu futuro.
A forma como percepciona as festas das outros manifesta em si algum mal-estar porque vive diariamente com o medo e ansiedade de quando tiver de se separar dos seus filhos aquando do seu primeiro dia de escola.
Cada pai e mãe festeja e enalteces os ganhos e conquistas dos seus filhos da melhor forma. Quero crer que hoje há uma maior "formação parental", que nalgumas coisas é um exagero, noutras há que haver naturalidade.

CS disse...

Nunca escondi que é um mundo um pouco desconhecido para mim. Tendo os meus em casa desde sempre faz com que a separação seja mais difícil do que para alguém que gere esse sentimento desde cedo.
Este ano poderei falar com maior conhecimento e talvez mude a minha prespectiva. Alguma coisa mudará porque viver as experiências é muito diferente do que imaginá-las.
Sim, insegurança e medo do que virá... a separação não será fácil mas sei que será necessária. Espero reagir da melhor forma e não passar para a minha filha esse medo.´
Partilharei a minha experiência.

Vanessa Ferreira disse...

Hoje encontro-me nesse dilema. Não quero deixar o meu filho ir e decidi que não ia à Viagem de Finalistas. O problema não é a Viagem de Finalistas em si, o problema é quando te recusas a seguir o rebanho e és automaticamente excluída, e muitos pais que até não concordam acabam por deixar os filhos irem por causa da pressão da sociedade. Ou porque és antiguada, porque és mãe galinha, porque não deixas o teu filho ser autónomo, porque o teu filho vai ficar super triste e porque a criança está num meio em que vai ouvir falar da viagem de finalistas sem poder ir...Vai ser uma prova de fogo para o meu filho, pois ele terá de lidar com a frustação de não poder ir na Viagem, mas isso também acaba por ser uma aprendizagem. Infelizmente o papel de mãe é mesmo esse, é saber dizer não quando acha que o deve fazer. Tenho a certeza que no 4º ano irá fazer a mesma viagem de finalistas que no pré escolar então porquê precipitar as coisas. Às vezes parece mais uma competição de escolas para ver qual a instituição que organiza a Viagem de Finalistas mais fabulástica do que propriamente a pensar nas crianças, e acabamos por cair no exagero. Elles são felizes com tão pouco.

CS disse...

Vanessa, compreendo-a mas todos os pais são diferentes e têm uma visão da vida, da educação e do percurso dos seus filhos diferente.
Para mim, digo para mim, é um exagero viagens na pré e até no primeiro ciclo.
Cada um saberá o que é melhor para os seus.
Obrigada pela partilha :)
Felicidades