ALICE

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terça-feira, 27 de setembro de 2016

Bilhete à educadora

Por muito que gostássemos de falar com as educadoras ou professoras dos nossos filhos para saber como tudo está a correr, pelo menos, nos primeiros tempos, é fácil entender que é impossível essa disponibilidade por parte delas.
Eu não quero parecer, nem ser, uma mãe super protetora, nem chata, muito menos insistente ou qualquer coisa pior. Assim sendo, seguindo o conselho da educadora, escrevi um bilhete que foi entregue pela Alice. É uma forma de comunicar sem ocupar muito o tempo dela com questões importantes mas que não requerem uma presença física.
A preocupação era com a primeira refeição (ou primeiras) da Alice na cantina. Pedia que pudessem ter alguma atenção se ela comia pois, se em casa é capaz de ficar 10 ou 15 minutos parada a olhar para o prato, na escola podiam ser bem mais. Depois queria ter o feedback de como tinha corrido.
Quando perguntei à Alice se tinha entregue o bilhete ela respondeu-me: "Sim, mãe! A educadora ficou emocionada e disse que ia guardar o bilhete no coração até ser muito velhinha!"
Esta emoção toda não tinha nada a ver com a sopa da minha filha, a emoção ou reação tinha a ver com a forma como comecei o bilhete, com a forma como devemos tratar os outros, principalmente aqueles a quem entregamos os nossos filhos.
Antes de falar na refeição eu agradeci, agradeci porque senti que precisava de o fazer e porque senti que a educadora precisava de o ouvir e que todos, eu, ela e a Alice ganharíamos com essa gratidão.
Agradeci a forma como a educadora estava a trabalhar, a forma como estava a receber a Alice e a forma como estava a gerir as emoções dela.
É sabido que isto é tudo novo para nós, é sabido que é a primeira vez que colocamos a instrução e parte da educação da nossa filha nas mãos de outra pessoa. Sim, fomos pais galinhas, fomos os principais educadores dela e agora chegara o momento de partilhar essa missão com outros.
Eu não sei o que está a fazer a educadora com eles na sala, não conheço as atividades, vou sabendo pela Alice que cantam e brincam aos fantoches, que fazem ginástica e bonecos de plasticina. Não sei se desenham letras ou identificam formas e cores. Não sei e, sinceramente, não me preocupa. Bem, na verdade, até prefiro que não haja letras, formas e cores. Na verdade, até prefiro que ela só brinque, que represente com fantoches, que dê muitos pulos na ginástica, que cante, cante muito durante o dia, a canção do bom dia, a canção do amigo e do adeus, que dê as mãos aos colegas, que riam muito, que riam na indiferença das formas e letras, dos números mas que saibam os nomes de todos os colegas e das suas idades e de quem precisa de ajuda para subir e de ajuda para equilibrar copos em cima da mesa. Prefiro que na sala dela haja meninos de 3 e de 4, que haja quem esteja para fazer 5, que já tenha feito 5 e até quem já seja o mais velho com 6 anos de idade. Prefiro que ajudem os mais novos e aprendam com os mais velhos. Prefiro que desenvolvam competências emocionais, de empatia, do que possam estar a "perder" ou "regredir" como se fosse possível uma criança perder ou regredir indefinitivamente.
Grata e, de coração aberto, mostrei à educadora que reconheço o trabalho dela, que lhe confio a minha filha e que, quando ouço da boca da Alice: "Mãe, já sei o que quero ser quando for grande! Quero ser educadora, como a minha educadora Cristina!", ela só pode estar a fazer um excelente trabalho de ligação e empatia com a minha filha.
Perdoem-me os pais que se preocupam muito com as metas do pré-escolar, com as letras e os números, a mim, para mim, uma criança equilibrada e feliz, quando chegar às letras e aos números, depois de muito brincar, depois de saber ligar-se ao outro, depois de saber sempre dizer bom dia ou boa tarde, depois tantas outras competências sociais e emocionais adquiridas, jamais esquecerão os números e as letras.

6 comentários:

Anónimo disse...

Que texto bonito Cláudia!! Tens toda a razão! Todos os dias, ao me despedir da educadora e auxiliar do meu filho, agradeço-lhes. Tomar conta dos filhos dos outros é uma tarefa difícil e de grande responsabilidade. É bom, quando estão a fazer um bom trabalho, receber um agradecimento da parte dos pais dessas crianças.

Sónia Barreto

Anónimo disse...

Eu pensava/penso exatamente como a Cláudia. Até este ano em que a minha filha entrou para o 1º ciclo e se sente angustiada pela maior parte dos outros meninos já saber ler/escrever e ela não...Tenho-lhe dito que agora é que é a altura certa de aprender... Mas custa vê-los tristes por algo que não faz sentido!
um bj

CS disse...

Pimenta, estás no ensino e saberás melhor do que eu falo. Eu acho que é maior a pressão dos pais nos educadores e professores do que propriamente dos programas.
Mas ainda sei muito pouco ;)

CS disse...

Sónia, quando os entregamos essas pessoas passam a fazer parte da nossa família.
bj

CS disse...

Cara anónima, é preciso ouvi-la, fazê-la perceber que é normal ela sentir insegurança, que é normal uns saberem mais e outros menos mas o importante é as conquistas que conseguirá consigo própria.
Acredito que é só de início, com o tempo ela ficará em pé de igualdade com os restantes. O tempo que brincou terá ganho muito, muito mais!
Bj

Anónimo disse...

Nos blogs a conversa é sempre essa de todas as mães sem excepção..lá fora é exactamente o oposto lolol... mais um blog da treta