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terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Carlos González#2

livros, sites, palestras e grupos de apoio para ajudar quem quer amamentar. As mães não sabem dar de mamar? 

As mães sabem dar de mamar. O problema é que, mais de um século, os profissionais lhes dão informações erradas. Durante milhares de anos, as mães deram mama seguindo os seus instintos ou com a ajuda das suas mães e avós. Agora, as mães desconfiam dos seus instintos porque ouvem pessoas que lhes dizem coisas sem sentido. Dizem-lhes para não dar mama, para não dar mama de noite, para não pegar o bebé ao colo. E como muitas avós não deram peito não podem ajudá-las.

Amamentar pode ser muito cansativo. É preciso acordar à noite, por vezes mais do que uma vez, para dar de mamar, ir trabalhar no dia seguinte e conciliar isso com todas as outras coisas que uma recém-mãe tem de fazer.

Ir trabalhar no dia seguinte a seguir a dar de mamar durante a noite é que é cansativo. Hoje em dia, está a dizer-se às mães que primeiro é preciso obedecer ao patrão. E o patrão tem direito a obrigá-la entrar à hora certa e a chamar-lhe a atenção se se atrasa cinco minutos. Se um bebé chama a mãe e, por ela demorar cinco minutos, começa a chorar, dizem que é um mal-educado porque não sabe esperar. Claro que não sabe esperar, não compreende que a mãe tem outras coisas para fazer.
O problema é que pomos as necessidades das mães e das crianças no final das prioridades. O trabalho é cansativo, tem de fazer-se entre determinadas horas e não se pode falhar. Além disso, é preciso fazer muitas outras coisas. Mas ninguém diz às mães para não passarem a roupa a ferro ou para não fazerem o jantar, por exemplo. Em vez disso, dizem-lhes para não pegar no bebé ao colo ou para não ligar quando ele chora. Mas isso é que não se pode deixar de fazer. Se não passarem a roupa a ferro não acontece nada. Mas quando o bebé chora quer dizer que se passa alguma coisa.


Dar de mamar, um desejo meu mal soube que estava grávida. Com o desejo veio o receio de não conseguir. À minha volta só ouvia falar de mães que não tiveram leite, de bebés que não conseguiam mamar, de bebés que mamavam mas não aumentavam de peso, de mastites, de gretas, de gritos de dor e choro.

Chegou o dia, foi cesariana e outra vez pensava em todos os casos de cesariana que tinham sido motivo para não amamentar. E eu, cesariana, depois de várias e várias horas em trabalho de parto, uma noite e um dia e outra noite em contrações, nasceu finalmente às 00:40. No recobro colocam-na ao meu peito para mamar. Eu estava zonza de tudo o que tinha acontecido. Acho que ela mal mamou, os seus gritos ouviam-se no hospital inteiro. A enfermeira preparou-lhe um biberon e eu pensei, no meio de todo aquele turbilhão, que não queria, quis gritar nãoooo, e nenhum som saiu. Pensei: "Vai provar o biberon e não vai querer mais a minha mama."
Fomos as duas para o quarto, ela gritava como se a tivesse arrancado do céu para o inferno (e basicamente foi o que aconteceu). Ela só se calou quando a colei ao meu peito e lá dormiu toda a noite e eu na minha 2ª noite passada em claro. Tinha um medo que ela escorregasse de mim se eu adormecesse. Não havia proteções, eu estava quebrada, cansada e dorida. Não a descolei de mim e nem preguei olho.
 Começaram os nossos 9 meses de amamentação com tantas peripécias pelo meio mas um verdadeiro sucesso para mãe e filha.
A história para contar seria muito longa...

1 comentário:

Unknown disse...

Continuo a minha leitura pelo seu blog, com o meu pequenino no colo, a fazer uma sestinha depois de ter uma das (ainda) poucas crises de cólicas..
Apesar de todas as peripécias a que somos sujeitas, da pressão, de sentimentos baralhados... amamentar tem sido dos "nossos" momentos, o mais maravilhoso.
Amamentei o meu bebé, já ele tinha 5 dias. Tirava leite e davam-lhe pelo biberão... A primeira vez que o pus na mama, ainda no hospital, tive tanto medo, que ele não mamasse, ou porque não quisesse ou porque não soubesse, até ali só conhecia um bico de silicone... Graças a Deus, mal sentiu a minha mama sugou logo... Nunca vou esquecer...