ALICE

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terça-feira, 11 de agosto de 2015

Sou mãe...

Nunca sonhei ser mãe... bem, lembro-me de em pequena brincar aos pais e aos filhos, lembro-me de andar com bebés carecas ao colo, vestir-lhes e despir-lhes a roupa, dar-lhes comida e coloca-los a dormir comigo na cama.
Nunca sonhei ser mãe... os bebés pareciam-me todos iguais, pareciam-me que pouco faziam ou comunicavam. Acho que nem os via. Via-os já quando tinham 3 ou 4 anos e respondiam quando lhes perguntavam alguma coisa.
Nunca sonhei ser mãe... trocar fraldas, embalar ou dar de mamar.
Nunca sonhei até ao dia que decidimos ter filhos, até ao dia que fiz o teste e já sabia que estava grávida mesmo antes dos 2 riscos, até ao dia que o senti dentro de mim, até ao dia que me sentia a mulher mais elegante do mundo com um diâmetro de barriga equiparado de mãe de trigémeos, até ao dia que dei à luz, até ao dia que amamentei. E, em nenhum desses momentos chorei. Não chorei ao saber que estava grávida, não chorei com a barriga que aumentou, não chorei ao primeiro pontapé, não chorei sequer quando ouvi o seu grito pela primeira vez. Ainda não sei se sou uma mãe chorona ou não. Não me lembro quando chorei a primeira vez pela minha filha ou por ser mãe. Lembro-me que chorei quando a vi bolsar a primeira vez. Lembro-me que chorei quando deu a sua primeira queda a sério em frente aos meus pés e abriu um golpe na testa. Chorei como se aquele pequeno golpe fosse o maior mal do mundo. Chorei no choro dela, na sua dor a minha dor duplicada, a culpa de não a ter segurado a tempo.
Nunca sonhei ser mãe... mas lembro-me como se fosse hoje de sair da maternidade depois de mais de um dia de trabalho de parto que culminou numa cesariana, sair de barriga rasgada e agrafada de onde me arrancaram à força quem tão bem lá estava a crescer, lembro-me da dor e do pensamento: "Quero voltar a ser mãe! Quero esse amor que sinto duplicado."
Nunca sonhei ser mãe... e hoje sinto que é a minha melhor qualidade, o meu maior desafio, a minha maior dificuldade, a minha maior alegria, as minhas lágrimas mais sentidas, os meus sorrisos mais sinceros, o meu maior feito, repetido mais uma vez.
Alice e António, nunca sonhei ser mãe, mas hoje sou a vossa mãe. Todos os dias aprendo a ser mãe, num sonho que nunca sonhei, no meu maior desejo de o ser por muito, muito tempo...



3 comentários:

Sofia disse...

Que palavras bonitas! Gostei do texto. Não a conheço pessoalmente, apenas conheço o que vai partilhando connosco e posso dizer-lhe que só por isso (pelo que vou lendo e vendo aqui em fotografias) sinto que é uma mãe fantástica e que os seus filhos são crianças felizes.

Um beijinho e sempre tudo de bom para si a para sua linda família.

;)

CS disse...

Obrigada Sofia pelas suas palavras, igualmente bonitas. Obrigada por aqui vir e partilhar um pouco de mim e da minha família.
Bj e felicidades
:)

Liliana Pereira disse...

Lindo.