ALICE

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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Qual a pior forma de começar uma semana...

Ouvir a notícia de uma criança que ficou debaixo de um autocarro à saída de uma paragem.
E a única vontade que tenho é de fechar-me em casa com a minha filha e só deixá-la sair quando tiver 40 ou melhor 50 anos.
E eu não compreendia o "excesso" (achava eu que era excesso) de preocupação da minha mãe, nas minhas saídas noturnas, nas viagens, nos acampamentos. Os avisos: "Quem é que vai conduzir?", "Para onde vão?", "Vão andar por estradas difíceis?" etc, etc e eu, quase que menosprezando aquele coração de mãe, achava que era dela, que era só ela que se preocupava demasiado.
Como, como aguentava ela não ter notícias minhas durante uma semana toda quando trabalhava noutra ilha, não ter o meu número de telemóvel quando comecei a usar (não sei porquê? Porque não tinha telemóvel para me ligar? Ou porque nunca precisava de me ligar? Porque não queria ser uma mãe chata?), como aguentava as minhas viagens em que me pedia apenas uma mensagem ou um toque para o telemóvel do meu irmão para saber que eu tinha chegado bem, nem sequer me exigia uma chamada e eu, tantas vezes, só me lembrava no dia seguinte. E seu coração de mãe tudo aguentava, em sobressalto talvez.

Mãe, minha querida mãe, que tantas vezes achei que eras a mãe mais preocupada do mundo, que tantas vezes achei que eram disparatadas as preocupações com as noites, com as viagens...
Mãe, minha querida mãe, como aguentou o teu coração tantas ausências de notícias porque eu era desligada, despreocupada, achando que nunca nada era motivo das tuas preocupações porque nunca nada de mal me iria acontecer?
Mãe, minha querida mãe, vou ser, já sou, mil vezes mais preocupada do que foste e alguma vez serás. Como te compreendo quando me dizias: "Filha, só tenho medo que alguma coisa de má te aconteça!"
Sim, o meu medo parece muito maior, um medo terrível de perder o bem mais precioso que tenho na vida, uma parte de mim que cresce neste mundo e que eu não consigo proteger a 100%, não consigo controlar e impedir que o mundo tome conta do seu destino...
Mãe, minha querida mãe, que a vida me dê uma filha mais compreensiva do que eu fui, mais consciente que o coração de mãe/pai é por natureza preocupado, sofredor mas que é o coração que mais ama outro ser.
Mãe, minha querida mãe, perdoa-me a minha inconsciência de jovem que pensa dominar o mundo, que se julga invencível e acima de todas as desgraças que aconteciam a outros jovens como eu.

Mãe, hoje sou mãe, e não precisarás de me dizer mais nada pois o meu coração já sabe o que o teu coração sente...


5 comentários:

Unknown disse...

Querida CS,
Também comecei o dia com esta notícia que me deixou arrepiada! E me deu a mesma vontade de "fechar em casa o meu pequeno A...até ele faze 100 anos! Como se sentirá um pai, uma mãe a receber uma notícia destas? Nem consigo imaginar o alcance desta dor tremenda...
É tão verdade que só agora compreendemos verdadeiramente as nossas mães com o que achávamos ser excesso de zelo!
Um beijinho,
CC

Unknown disse...

Que noticia triste :(

CS disse...

A vida muda num segundo...

CoriscaRuim disse...

Eu não sou mãe, nem preciso ser para me ter sentido mais pequenina do que um grão de areia. Não poderia ter começado a semana de pior maneira. Estamos todos em choque!

CS disse...

Corisca, não há palavras...