Numa relação a dois

Nenhuma relação é perfeita porque as pessoas que a fazem estão longe de serem perfeitas. Contudo, é bom caminharmos para uma "perfeição" ainda que imperfeita, cheia de momentos bons e maus, que nos fazem acreditar que a dois é bem melhor que a um só.
Desde o início que B. nunca me fez promessas. Directamente me dizia: "Não acredito em promessas e nunca na vida te farei uma. Acredito sim naquilo que sinto e no que sou capaz de fazer."
Nunca ouvi um "vou-te fazer feliz para sempre", um "agora sou assim mas depois eu mudo", um "nunca me vou chatear contigo". Não, não havia ilusões, nem na fase de conquista.
Na verdade, na primeira vez que tivemos tempo a sós, em que falámos noite dentro, contou-me o pior de si, os seus piores defeitos, o seu lado mais obscuro e menos sedutor. Mais tarde confessou-me que achava que eu iria desaparecer na manhã seguinte.
Fiquei, fui ficando, não pelos defeitos que ele fez logo questão de contar, mas pela sinceridade que as suas palavras tinham, pelas entrelinhas que revelavam um coração tão grande e pela confiança que transmitia.
Nunca fui iludida com publicidade enganosa, com os encantamentos que se fazem no início, com flores e bombons. Sempre fui confrontada com uma realidade de "eu sei bem o que quero da vida e tu estás nela sem qualquer sombra de dúvida", sem flores mas de coração aberto.
Como poderia eu resistir... e, graças a Deus, ele não me assustou quando quis passar uma imagem que, ao fim ao cabo, talvez não passasse de uma capa de defesa que afastasse de si pessoas menos seguras.

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