Apenas porque o varão da roupa se partiu...

Logo de manhã, recebo um email de alguém que, de longe me lê e ouve diariamente. De vez em quando, sou eu que a leio e ouço. Não que ela tenha um blog (pena minha) mas escreve-me por email comentando o que aqui lê.

"Este último teu post foi muito bonito. Algo tão simples, roupa, fez com que escrevesses algo tão profundo. Por vezes, damo-nos a olhar a volta e sentirmo-nos perdidos. Por vezes, um simples abrir do armário, cheio de roupa, faz com que nos irritemos porque achamos que não temos nada para vestir. Por vezes, temos tudo e sentimos que não temos nada. Há dias assim. Acordamos e sentimo-nos vazios, nada nos preenche, nada nos faz sorrir, a nuvem carregada paira na nossa cabeça como se carregassemos todo o mundo às costas.
Outras vezes, acordamos e tudo nos faz sorrir, todo o universo flui no mesmo sentido. Até o trânsito de manhã parece desaparecer. 

Estas mudanças do universo são do universo ou são da forma como olhamos, nesse dia, o universo? Não sei. Acho que são as duas coisas.

Hoje estou naqueles dias em que o copo está meio vazio. Naqueles dias em que a melhor roupa, o melhor perfume, os melhores sapatos, não embelezam a pessoa. A pessoa está escura por dentro. Não há roupa clara que a ilumine por fora. Mas sei que amanhã, ou depois, estarei tão luminosa por dentro que até de burca verão a minha luz."

Com a devida autorização da autora, aqui partilho um pouco dela...