Instaurada a dúvida e a censura

Hoje não sai do trabalho. Optei por almoçar no refeitório algo que trouxe de casa e fazer um chá. Umas colegas já de longa data do meu trabalho brincavam comigo. Entretanto passou um dirigente nosso e elas fizeram-o entrar na conversa. No final ao sair ele respondeu, já junto à porta: "Não... ela é mais chá verde." E sorriu.
É difícil explicar o que senti mas engoli em seco. Não posso assegurar que ele referia-se ao blog, estava convicta que ninguém por aqui conhecia ou o identificava comigo. Afinal eu estava a beber chá e pode muito bem ter sido isso.
Contudo, parte de mim acha que ele se referiu a este espaço. Um espaço que apesar de público estaria interdito a colegas de trabalho, chefes e outros superiores. Um espaço apenas visitado por amigos ou desconhecidos.
Sinto como se essa pessoa, que não faz parte do meu círculo de amigos nem trabalha directamente comigo, tivesse aberto o meu diário ou entrado em minha casa sem eu saber. Sinto que ele conheceu uma parte de mim que não deveria ter conhecido. Sinto que leu os meus pensamentos, as minhas tolices, que viu os meus veste-despe de roupas e sapatos. E não é esta parte que dou a conhecer aos meus colegas de trabalho e muito menos aos meus superiores. Não é por isto que quero ser conhecida ou reconhecida no meu local de trabalho.
Sinto-me completamente envergonhada e invadida na minha privacidade. Sinto-me sem jeito a torcer para que ele estivesse a referir-se ao chá que bebia, mesmo sem saber se seria verde, preto ou o raio que me parta por ser tão burra...
E agora só queria receber um comentário a dizer: "Não, não sabia e continuo sem saber que o blog é teu. Apenas me referia ao chá que bebias. Continuas completamente anónima..."
E pronto, não é nada de grave, de certeza! De certeza que ele olha para mim e apenas faz juízos do que possa conhecer do meu desempenho profissional. E nisso, não tenho qualquer motivo de vergonha...

Elle Fanning photographed by Steven Pan for Interview magazine, January 2011