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segunda-feira, 22 de outubro de 2012

A cidade dos mortos

Entrar num cemitério é algo que me afunda numa profunda tristeza. Sentimos que todos nós temos o mesmo fim, independentemente do sexo, idade, riqueza, nacionalidade ou raça. É a nossa única certeza...
Hoje fui para me despedir da minha avó que aos 84 anos viu o seu coração parar depois de uma vida plena, cheia de alegrias e tristezas mas com uma família enorme que nasceu do seu ventre, partes de si que se encontram em todos nós. Ela partiu deixando em todos nós uma parte do seu coração que viverá até ao fim dos dias de cada um dos seus filhos, netos, bisnetos e trinetos.
Andar pelo cemitério e levar a minha avó à sua última morada custou-me, cobriu o meu rosto de lágrimas. As despedidas custam sempre. Não me custou muito menos olhar para as campas e ver fotografias de bebés, de crianças e jovens. São pessoas que partem antes do tempo, que partem antes de viverem o que deviam viver. Custa, custa tanto imaginar que em cada campa jaz quem merece tanto como nós uma vida plena e longa e que não o teve.
É tão fácil esquecermo-nos no dia-a-dia que a vida é uma benção. Dar como garantido uma vida leva-nos a perder tanto tempo com o que é tão pouco importante...
Sinto-me triste mas ao mesmo tempo invadida por alguma tranquilidade. Acredito que a minha avó está bem, que o sofrimento que sentiu nos últimos dias terminaram e que agora nos consegue ver todos ao mesmo tempo quando antes tinha que esperar pelas nossas visitas.


Eu preferia que os nossos cemitérios fossem como os americanos, uma cruz num relvado lindo. Aqui todos são iguais, uma cruz, uma vida, uma pessoa. Nos portugueses temos o reflexo da cidade dos vivos. Umas campas de mármore, outras apenas uma placa, jazigos enormes, outros apenas umas flores de plástico no solo. Conseguimos perceber as classes sociais, os rendimentos e a ostentação que se fazia na vida prolonga-se na morte. O fim é o mesmo mas a representação é o reflexo económico, social e cultural da sociedade em que vivemos.

11 comentários:

Anónimo disse...

Os meus sentimentos, pela partida da sua avó.

Beijinhos, Cristina

Nessi disse...

Beijinhos grandes! O meu avô também partiu este ano e sei bem o que se sente...Eu também acredito que quando se viveu uma vida plena e no fim já só se sofre lá está-se em paz! Os meus sentimentos.

Mammi Cris ♥ disse...

Muita força, beijinho...

POPITA disse...

Beijinhos CS, e Força!

Soltas as Palavras disse...

Também refiro os cemitérios americanos. Os meus mais sinceros sentimentos.

Andreia Pereira disse...

Um beijinho de força, neste momento!

CS disse...

Beijo a vocês também. Obrigada pelo apoio e carinho.

Contos da Crisani disse...

Muita força, pois a vida segue em frente (detesto esta frase...) mas é a realidade.
O meu irmão de 36 anos partiu o ano passado e a minha vida nunca mais será a mesma...
Resta-nos as memórias que nunca devemos esquecer
Um beijo Crisani

CS disse...

Crisani, sinto muito. Por isso nunca passei e nem imagino o sofrimento que deve ser.
Ver uma avó morrer aos 84 anos é completamente diferente de um irmão tão novo... fico arrepiada só de pensar.
Bj sentido

Arine disse...

Um beijinho e força.
Concordo inteiramente com esse pensamento até caminhar num cemitério americano é diferente, não sei explicar, mas é como se fossemos passear num jardim :)

Insolente disse...

:( Beijinho*