Às 18h fico pronta e pergunto ao médico:
Eu: "E agora?"
Ele: "Agora, por mim, podes voltar para a tua terra."
Vou despedir-me de outro médico, o anjo que me operou. E depois dos abraços e beijos e de me chamar Miss Praia dos Açores (ele atribui uma alcunha a todos os seus doentes) pergunta-me logo pelo B.:
Ele: "Então, como está aquele rapaz?"
Eu: "Está bem. É um rapaz cheio de sorte!"
Ele: "Tu estima bem aquele homem, tás a ouvir? Tu sabes bem por quê?!"
Só respondi: sim... mas pensei: "Sim, claro que sei. Sei que o amor dele é verdadeiro, sei que as suas palavras não são vãs (sejam boas ou sejam más), sei que nunca saiu do meu lado, sei que cuidou de mim como se eu fosse o mais valioso tesouro do mundo, sei que cumpre o que diz, sei que jamais vou esquecer cada gesto em mim quando tinha passado pela experiência mais importante e custosa da minha vida."
Mal saio de lá ligo a marcar o meu regresso. Optei pelas 8h da manhã. Sabia que ia dormir pouco, que já não me estenderia à beira-mar, que não daria passeios longos pela baixa mas estava na hora de voltar. Depois da passagem marcada e confirmada dirijo-me para a Baixa Pombalina que me enche a alma de tanta história, tanta agitação e tanta beleza.
Passeio pelas ruas, vejo as pessoas que passam, entro na H&M e mato saudades, compro uma prendinha para a Clara, uma para B. e uma camisola riscada para mim. Os gastos com os médicos impediram-me de sair de lá sorridente e com as mãos cheias de sacos. Passo na NESPRESSO e compro café e vou-me sentar na Praça de Camões com a minha amiga Cookie e os seus amigos do teatro, cinema e afins. Conversam sobre peças e curtas e dobragens e isto e aquilo...
Não houve tempo para muito mais. Depois casa, mala, dormir 5 horas, táxi, aeroporto, avião, boleia do pai e trabalho.
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